domingo, 9 de novembro de 2008

Conclusão e Reflexão Final

A presença do voluntário no cenário do Hospital, em particular do hospital público e carente de todos os tipos de recursos no Brasil, mostra-se de vital importância especialmente no que diz respeito aos processos de morte, perdas e luto. Há uma carência enorme de pessoal especializado, ou mesmo, preparado para lidar com tais situações. Acredito que grupos de reflexão e acolhimento aos profissionais de saúde, como o desenvolvido pelo GIRASoHL, abrem mais uma possibilidade: O papel do voluntário no contexto hospitalar enquanto Educador.

“Tornar o Brasil mais justo socialmente, de forma a possibilitar a cada brasileiro sentir-se parte ativa da construção de um novo país, sem excluídos, é um sonho no qual me proponho a investir, em parceria com tantas pessoas e instituições, para que se transforme, um dia, em realidade.
Não tenho dúvida de que uma mudança tão profunda passa, necessariamente, pela decisão de cada um de nós de participar desse mutirão em favor da vida.
E creio que essa transformação só pode se dar através da educação.”
Milu Vilela, O voluntariado como estratégia de educação
Artigo publicado no jornal O Estado de S Paulo, Terça-feira, 12 de março de 2002.

A educação para a morte e a formação de formadores, ou seja, voluntários capazes de educar novos voluntários, capacitando-os para a continuidade do trabalho realizado no hospital, constituiu para mim, um princípio básico, essencial para a disseminação do que pode vir a ser um modelo de treinamento de voluntariado em hospitais.
Na medida em que o GIRASoHL se estabeleceu na rotina do Hospital da Lagoa, relatos positivos foram ouvidos com freqüência, vindos dos pacientes e suas famílias, diminuindo talvez seus processos de solidão e sofrimento diante do encontro com a terminalidade e a finitude da vida, fazendo-se, portanto, o voluntário, de enorme importância à beira do leito.
Pode-se ainda concluir que os voluntários sentem-se especialmente gratificados com o trabalho realizado por eles no GIRASoHL na medida em que relatam mudanças positivas significativas em suas vidas. Em The Power of Purpose – Living Well by Doing Good, Peter S. Temes afirma que quanto mais se foca em ajudar os outros, maior é o sucesso em atingir seus próprios objetivos e ainda cita Aristóteles e sua noção de que a felicidade não é um estado psicológico, mas moral, resultado de fazer o bem para o mundo.

“Não sei se ser voluntária me torna uma pessoa melhor, mas com certeza me torna mais consciente da minha responsabilidade perante o outro ser humano, me faz repensar nos meus valores pessoais de vida e não me deixa acomodar diante dos desafios, me faz querer aprender mais para servir com mais qualidade e responsabilidade.”
(os grifos são meus)
Marlene de Oliveira, voluntária do Hospital Albert Einstein, São Paulo.

Portanto, este trabalho deixa uma questão a ser investigada: Voluntários e Pacientes Terminais: Quem Realmente Doa e Quem Realmente Recebe?

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