domingo, 9 de novembro de 2008

MODELO de Grupo de Apoio aos Profissionais de Saúde

MODELO de Grupo de Apoio aos Profissionais de Saúde - Cuidando de Quem Cuida

Objetivo: Possui a finalidade de compor um espaço de aprendizagem e troca diante da situação de perda e morte vividas pelo profissional de saúde no seu dia-a-dia.

Periodicidade: 10 encontros semanais de 50 minutos. Horários foram previamente combinados com a chefia dos setores.

Justificativa: Não há suporte profissional institucionalizado para ajudar no enfrentamento da morte ou das doenças graves potencialmente incuráveis. A vivência do stress pelo contato constante com a possibilidade e a ocorrência da morte pode ser pensada como uma vivência de um luto do profissional em relação aos pacientes perdidos e à sua situação de trabalho.
Na medida em que a morte é uma questão assustadora, temida e incômoda, o trabalho no hospital, onde o contato com a possibilidade ou ocorrência da morte é constante, pode provocar sentimentos muito intensos nos profissionais de saúde como medo, angústia, ansiedade e muitas vezes sintomas físicos. A morte de um paciente causa um impacto muito grande na identidade pessoal e profissional de toda a equipe que cuida do paciente. O modo como o profissional compreende o conceito de morte, bem como a forma que relaciona este conceito com sua própria existência e as suas vivências pessoais de perdas anteriores dentro e fora do âmbito profissional, são aspectos que influirão na sua atuação diante da morte.Pacientes e familiares projetam no profissional de saúde aspectos emocionais decorrentes da situação de hospitalização e/ou da gravidade da doença, o que leva o profissional a utilizar-se de mecanismos de defesa, para proteger-se da ansiedade gerada pela pressão dos pacientes, familiares e também pela cobrança pessoal.A negação da morte é um mecanismo constantemente utilizado pelos profissionais, o que acaba por impossibilitar o reconhecimento das angústias do paciente e familiares frente a morte, não favorecendo a elaboração do luto.
Conclusão:
• há uma lacuna na formação e preparo dos profissionais de saúde para lidarem com a morte.• há uma tendência, por parte de médicos, enfermeiros e psicólogos, em falar mais sobre vida, negando-se, muitas vezes, a iminência da morte. Esta posição pode inviabilizar a vivência do luto antecipatório.• a ausência de suporte profissional na instituição contribui para a não realização de trabalhos para ajudar no enfrentamento da morte tanto para as famílias quanto para os profissionais. A prática deste trabalho de enfrentamento é muitas vezes, de caráter informal.• a vivência do stress pelos profissionais de saúde devido ao contato constante com a possibilidade e a ocorrência da morte, tal como citado pela literatura, pode ser pensada, a partir dos sentimentos experienciados pelos sujeitos, como uma vivência de um 'luto do profissional' em relação aos pacientes perdidos e à situação de trabalho, com possibilidade de desenvolverem a Síndrome de Burnout.
• é necessário existir estudos e práticas de suporte aos profissionais de saúde que trabalham com Cuidados Paliativos, para que eles, por sua vez, possam fornecer o devido suporte que lhes é exigido pelos pacientes e familiares.


#Projeto Integração Corpo-Mente - Cuidando de Quem Cuida

A partir do Grupo de Apoio aos Profissionais de Saúde, surgiu o Projeto Integração Corpo-Mente, no qual alguns voluntários propuseram-se a continuar o cuidado oferecido aos profissionais de saúde do Hospital da Lagoa. Através de sessões de Massoterapia, Shiatsu e Reflexologia, técnicas de massagem específicas que os mesmos já dominavam anteriormente, o projeto se instalou nas dependências do ambulatório, em uma sala cedida para tal atividade, a partir de um agendamento prévio, feito no próprio hospital. As sessões aconteceram uma vez por semana, com duração aproximada de 1 hora, por 6 meses.
As terapias de toque oferecidas no Projeto Integração Corpo-Mente foram muito bem aceitas pelos profissionais, que se revezavam em filas para o agendamento das mesmas. Especialmente no hospital, onde o isolamento é uma constante, tais práticas definem-se como um trabalho importante cuja eficácia deveria ser avaliada a posteriori, no que diz respeito à diminuição dos índices de absenteísmo e Burnout entre estes profissionais, futuramente se constituindo em um objeto de pesquisa científica a ser elaborado com o apoio do Centro de Estudos.

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