domingo, 9 de novembro de 2008

Detalhamento do Projeto

· Título da Atividade Educativa

EDUCAÇÃO NOS TEMAS LIGADOS AO FIM DA VIDA e AOS CUIDADOS PALIATIVOS NO CONTEXTO HOSPITALAR

· Coordenação Geral

Adriana Thomaz, médica, Membro Ativo da Sociedade Internacional de Psico-Oncologia (IPOS) e da Associação Internacional de Hospice e Cuidados Paliativos (IAHPC) e da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), com treinamento teórico-prático em Psico-Oncologia e Cuidados Paliativos no SKMCC[1] em Nova Iorque com Dr. William Breitbart e formada no Curso de Aprimoramento em Teoria, Pesquisa e Intervenção em Luto pelo Instituto de Psicologia 4 Estações, em São Paulo, além de participar como palestrante apresentando o Modelo Organizacional de Trabalho Voluntário no Contexto Hospitalar, no Centro de Cuidados Paliativos do Hospital Universitário de Munique, Alemanha, a convite do Dr. Gian Borasio e Dr. Martin Fegg e na Instituição Voluntária Franciscus Helpfern, serviço especializado em Home-Hospice em Oslo, Noruega, a convite da Dra. Karen Hagen.

· Setor e Local de Atuação:
Hospital Geral da Lagoa

Breve Histórico da Entidade e da Proposta Educativa:

O programa voluntário nasceu a partir de um grupo de meditação budista, conduzido pelo Doutor Alcio Braz. Com estímulo e a convite de Dra. Adriana Thomaz, uma das integrantes deste grupo de meditação, surgiram, no mês de maio do ano de 2005, os primeiros voluntários do que se tornaria o GIRASoHL.

Foi dado início então às reuniões semanais de cerca de duas horas de duração com o objetivo de formar e preparar este grupo de voluntários que rapidamente se multiplicou, passando a ser constituído de outras pessoas além do grupo de meditação.

A escolha do nome para o grupo partiu de uma sigla, a saber – Grupo Interdisciplinar de Atuação Solidária do Hospital da Lagoa, que ao ser apresentada para o grupo, passou a ser entendida pela abreviação das letras H e L, Humanitária e Livre, já que foi prevista a possibilidade do projeto se estender para além dos muros do Hospital da Lagoa.

O projeto aconteceu durante os anos de 2005 e 2006, entrando em recesso a partir do ano de 2007. Apenas algumas atividades continuam acontecendo, de maneira informal, como as visitas à beira do leito, pelos voluntários treinados no decorrer do projeto.

Durante dois anos, mais de 50 pacientes foram apoiados e cuidados no seu processo de morrer, com oferta de suporte emocional também aos seus familiares e entes queridos. Cerca de 20 profissionais de saúde, dentre eles médicos, residentes, enfermeiros e até os funcionários da cantina de alimentação, foram tocados pelo movimento de educação para a morte e para os cuidados ao fim da vida, mudando o conceito de morte interdita, luto não autorizado ou não franqueado e dignidade como base dos Cuidados Paliativos no contexto hospitalar e fora dele.

· Responsáveis técnicos pelo projeto
Dr. Alcio Braz, pelo setor de Saúde Mental e Dra. Rima Farah, pelo Centro de Estudos do Hospital da Lagoa.

· Modo de Encaminhamento dos Pacientes/Familiares ao Projeto
Formal: Dr. Alcio Braz e outros médicos do setor de Saúde Mental.
Informal: Enfermeiras da Quimioterapia ou dos andares e os pacientes/familiares já acompanhados pelo grupo “indicam” outros pacientes/ familiares para receberem o mesmo acompanhamento.

· Objetivo Geral
Formar um grupo voluntário treinado e preparado para a condução não só de visitas aos pacientes terminais do Hospital da Lagoa, como para a Educação para a Morte junto aos profissionais de saúde, pacientes e familiares.

· Objetivos Específicos da Atividade Educativa:
Ressaltar a importância do voluntariado no contexto hospitalar, especificamente voltado para o acolhimento emocional dos pacientes diante da terminalidade e finitude da vida, em seus processos muitas vezes solitários e angustiantes. Esta proposta visa ainda, solidificar o papel importante do voluntário treinado no que diz respeito ao acolhimento das famílias em seus lutos antecipatórios, a partir do momento do diagnóstico de uma doença potencialmente incurável e nas muitas e longas internações hospitalares. Propõe-se ainda, a investigar um novo campo de atuação dos voluntários no contexto hospitalar: a Educação para a Morte, para as Perdas e para o Luto. De acordo com a literatura e com a prática da coordenadora, Dra. Adriana Thomaz, este desenho de projeto voluntário, através dos grupos de acolhimento e reflexão para os profissionais de saúde, também reforça a importância do Cuidado aos Cuidadores. Refere-se aqui, ao cuidado aos profissionais de saúde, que vivem o chamado luto do profissional, na maioria das vezes não reconhecido. Despreparados emocionalmente para o enfrentamento dessas situações no seu cotidiano, momentos de stress, impotência, sensação de fracasso e isolamento são freqüentes. Este trabalho pretende ainda estimular a disseminação deste modelo de capacitação de voluntários, pois acredita-se no seu potencial transformador de vidas, re-significadas através do exercício pleno desta atividade.

· Principais Atividades desenvolvidas no Ambiente Hospitalar

#Visitação à beira do leito

Acontece durante a semana obedecendo a uma escala montada semanalmente, durante a Supervisão, onde são apresentados os Relatórios de visitação.
A duração depende de cada caso e da disponibilidade do Voluntário e da necessidade do paciente e sua família. Mínimo: 2 horas por semana.
Supervisão das visitas oferecida pela Coordenação: Acontece uma vez por semana dentro do Projeto de Educação Continuada (obrigatório). A duração é de 1 hora aproximadamente e se dá com todos os voluntários que já fazem a visitação ao pacientes e suas famílias, à beira do leito.
Elaboração de Relatórios
Relatórios são feitos por todos os voluntários após cada visita e enviados ao grupo por e-mail e são apresentados uma vez por semana ao Supervisor e discutidos em grupo.Ver anexo 2.

#Grupo de Apoio Voluntário COLU (Grupo de Apoio à familiares Enlutados)

Aberto ao público interessado em compartilhar e trocar experiências sobre a perda de um ente querido.Colu significa COMPARTILHANDO O LUTO
Periodicidade: Encontros semanais por 3 meses ou mais. O principal objetivo do Grupo de Apoio CoLu é a troca de vivências, a livre expressão dos sentimentos e a possibilidade de falar sobre a perda de alguém especial abertamente . Através da troca de experiências, de conversas e de técnicas adequadas, os componentes do grupo auxiliam-se e confortam-se compartilhando a dor, a saudade e o luto e, desta maneira, revelam como cada um busca enfrentar a perda e continuar a vida. Pelas trocas realizadas, o grupo se faz um poderoso agente de transformação.

O Grupo de Apoio é não diretivo, aberto e flutuante, isto é, participam as pessoas que quiserem, quando quiserem, sem qualquer ônus. Exige-se porém comprometimento com as tarefas e com a forma de funcionamento estipulada. Não é necessário ter qualquer vínculo com o Hospital, porém é um importante agente de conforto aos familiares atendidos pelo GIRASoHL antes e depois da morte de seu ente querido.


#MODELO de Grupo de Apoio aos Profissionais de Saúde - Cuidando de Quem Cuida

Objetivo: Possui a finalidade de compor um espaço de aprendizagem e troca diante da situação de perda e morte vividas pelo profissional de saúde no seu dia-a-dia.

Periodicidade: 10 encontros semanais de 50 minutos. Horários foram previamente combinados com a chefia dos setores.

Justificativa: Não há suporte profissional institucionalizado para ajudar no enfrentamento da morte ou das doenças graves potencialmente incuráveis. A vivência do stress pelo contato constante com a possibilidade e a ocorrência da morte pode ser pensada como uma vivência de um luto do profissional em relação aos pacientes perdidos e à sua situação de trabalho.
Na medida em que a morte é uma questão assustadora, temida e incômoda, o trabalho no hospital, onde o contato com a possibilidade ou ocorrência da morte é constante, pode provocar sentimentos muito intensos nos profissionais de saúde como medo, angústia, ansiedade e muitas vezes sintomas físicos. A morte de um paciente causa um impacto muito grande na identidade pessoal e profissional de toda a equipe que cuida do paciente. O modo como o profissional compreende o conceito de morte, bem como a forma que relaciona este conceito com sua própria existência e as suas vivências pessoais de perdas anteriores dentro e fora do âmbito profissional, são aspectos que influirão na sua atuação diante da morte.Pacientes e familiares projetam no profissional de saúde aspectos emocionais decorrentes da situação de hospitalização e/ou da gravidade da doença, o que leva o profissional a utilizar-se de mecanismos de defesa, para proteger-se da ansiedade gerada pela pressão dos pacientes, familiares e também pela cobrança pessoal.A negação da morte é um mecanismo constantemente utilizado pelos profissionais, o que acaba por impossibilitar o reconhecimento das angústias do paciente e familiares frente a morte, não favorecendo a elaboração do luto.
Conclusão:

• há uma lacuna na formação e preparo dos profissionais de saúde para lidarem com a morte.• há uma tendência, por parte de médicos, enfermeiros e psicólogos, em falar mais sobre vida, negando-se, muitas vezes, a iminência da morte. Esta posição pode inviabilizar a vivência do luto antecipatório.• a ausência de suporte profissional na instituição contribui para a não realização de trabalhos para ajudar no enfrentamento da morte tanto para as famílias quanto para os profissionais. A prática deste trabalho de enfrentamento é muitas vezes, de caráter informal.• a vivência do stress pelos profissionais de saúde devido ao contato constante com a possibilidade e a ocorrência da morte, tal como citado pela literatura, pode ser pensada, a partir dos sentimentos experienciados pelos sujeitos, como uma vivência de um 'luto do profissional' em relação aos pacientes perdidos e à situação de trabalho, com possibilidade de desenvolverem a Síndrome de Burnout.

• é necessário existir estudos e práticas de suporte aos profissionais de saúde que trabalham com Cuidados Paliativos, para que eles, por sua vez, possam fornecer o devido suporte que lhes é exigido pelos pacientes e familiares.


#Projeto Integração Corpo-Mente - Cuidando de Quem Cuida

A partir do Grupo de Apoio aos Profissionais de Saúde, surgiu o Projeto Integração Corpo-Mente, no qual alguns voluntários propuseram-se a continuar o cuidado oferecido aos profissionais de saúde do Hospital da Lagoa. Através de sessões de Massoterapia, Shiatsu e Reflexologia, técnicas de massagem específicas que os mesmos já dominavam anteriormente, o projeto se instalou nas dependências do ambulatório, em uma sala cedida para tal atividade, a partir de um agendamento prévio, feito no próprio hospital. As sessões aconteceram uma vez por semana, com duração aproximada de 1 hora, por 6 meses.
As terapias de toque oferecidas no Projeto Integração Corpo-Mente foram muito bem aceitas pelos profissionais, que se revezavam em filas para o agendamento das mesmas. Especialmente no hospital, onde o isolamento é uma constante, tais práticas definem-se como um trabalho importante cuja eficácia deveria ser avaliada a posteriori, no que diz respeito à diminuição dos índices de absenteísmo e Burnout entre estes profissionais, futuramente se constituindo em um objeto de pesquisa científica a ser elaborado com o apoio do Centro de Estudos.


#Meditação

Acontece há cerca de dez anos até a presente data, duas vezes por semana, nos jardins do Hospital, sob coordenação e condução do Dr. Alcio Braz, que além de médico psiquiatra, é também monge budista. A meditação é aberta para todas as religiões. Os pacientes que têm possibilidade de locomoção e que assim desejam, também participam, assim como seus familiares e funcionários do hospital.

[1] Sloan-Kettering Memorial Cancer Center

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